quarta-feira, 27 de outubro de 2010

27 de Outubro


Flor bela - espanca, agride, não mata, vai moendo, vai ardendo, vai sufocando, vai destruindo.
Flor bela ilude, engana, maltrata, imagina, idealiza e sofre.
Mas sabendo de tudo isto, a bela flor sempre nos encanta, e a beleza que é tão relativa?
E de toda essa beleza sobra olhar o céu e vê-lo tão imenso quanto as possibilidades de concretizar.
São Paulo, 02:44,garganta toda fudida, seca, inflamada, insónia, céu no ouvido "Grains de beauté".
E à espera do caminho para casa revejo a minha vida na minha memória bastante danificada, mas minha.
Entre Luanda, Lisboa e Sampa, perdem-se os amigos e amores de vista, perdem-se as saudades, perdem-se as promessas, juras eternas, perdem-se contactos, perde-se a vergonha, a noção de felicidade, a noção de tempo, perdem-se também os contactos e os bafinhos, os olhos...quantos olhares, quantas verdades, quantas!
Sem terra, sem casa, sem colo, sem carinho, sem a minha língua, sem, só só, e assim vai, e os anos passam e continuo a carregar as minhas ideologias, e afirmo sem tirar nem pôr que amor é lindo!

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